sábado, 26 de outubro de 2013

Campos chama o PPS de Freire para coligação
Josias de Souza
Foi o primeiro encontro de Freire com Campos desde que o seu PPS perdeu para o PSB uma disputa pela filiação de Marina Silva. Freire tentou dissuadir a criadora da Rede Sustentabilidade  da ideia de se juntar a Campos. Achava que ela deveria participar do primeiro turno da disputa presidencial como candidata à Presidência. Marina não lhe deu ouvidos.
Agora, embora Freire revele simpatia pela ideia de integrar o PPS à caravana de Campos, a legenda está dividida. “Eduardo sabe que, dentro do partido, existe um pequeno grupo que defende a candidatura própria e um grupo a favor da composição com Aécio Neves, tão expressivo quanto o que se inclina para o PSB.”
O martelo do PPS deve ser batido em dezembro, num congresso da legenda. Freire distribuiu aos membros da Executiva o esboço de um documento a ser aprovado nesse encontro. Chama-se ‘Uma agenda para o Brasil’. Fala de ‘nova política’, ‘nova economia’ e ‘novo governo’.
O trecho que discorre sobre o governo propõe a formação de um bloco de “esquerda” para governar o país. É como se as entrelinhas ditassem: “PSB, PPS e Rede”. O texto sugere a adoção de um modelo inspirado na presidência suprapartidária de Itamar Franco, que incorporou colaboradores até de legendas que se opunham ao governo –caso de Luiza Erundina, expulsa do PT na época e agora alojada no PSB. O documento será votado em reunião da Executiva do PPS. Se for aprovado sem alterações, será um indício de que Campos leva vantagem sobre Aécio na legenda.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A sobrevivência da visibilidade de um programa

No Fórum, Amílcar Faria defende a escolha de Marina Silva pelo PSB para se manter na disputa nas eleições de 2014. E pondera a necessidade da mobilização continuar para a Rede Sustentabilidade ser criada


Amilcar Faria*
A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano (Voltaire)
Que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem (Bertold Brecht)
Em política não se escolhe a companhia (Nils Kjaer)

Algumas pessoas, notadamente alguns partidários da ideologia e dos sonhos que representa a Rede Sustentabilidade, têm tido dificuldades de enxergar o ato da filiação democrática da ex-senadora Marina Silva ao PSB, para além da ilusória aparência de mero pragmatismo político, no último dia permitido pela atual legislação eleitoral para lançar candidatura ao pleito de 2014.
Alguns, mais fundamentalistas na concepção de construir uma nova política, uma nova maneira de conduzir a política, que deveria carregar nossas aspirações, esquecem-se ou desconhecem que não se constrói uma nova política sem estar dentro da política e não se está dentro da política se não usarmos as atuais regras dessa velha política.
Tanto é assim que o movimento nova política, ou um grupo de pessoas dele oriundo (e não dele dissidente), decidiu criar um partido político, por entender que a melhor mudança possível é a que vem de dentro para fora pela força das ideias cujo tempo já chegou, ao contrário da mudança que vem de fora para dentro pela força das armas cuja paciência já esgotou (a exemplo do movimento que já até se iniciou nas atuais manifestações de rua pelo Brasil afora).
Em um único movimento, a ex-senadora Marina Silva conseguiu manter sua discussão programática para o pleito de 2014, manter a visibilidade do programa que os nós da #rede queremos e precisamos, sem se vender ou corromper a ideologia de uma nova política.
Candidato algum que almejasse apenas seu próprio plano de poder e tivesse 26% de intenções de voto apoiaria a candidatura de outro com apenas 8%, mesmo que fosse para lhe servir de vice, e isso sequer foi cogitado.
A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes (Winston Churchill)
O que ela fez foi usar as armas da velha política contra ela mesma:
1- conseguiu manter-se disponível como candidata ao pleito de 2014;
2- conseguiu dar a resposta ao TSE que por aparelhamento do estado se recusou a dirimir deficiências de órgãos seus que invalidaram sem a constitucional obrigatoriedade de motivação expressa cerca de 95mil assinaturas de apoio à rede;
3- conseguiu dar resposta a quem a acusa de não ter posição apenas porque ela se recusa a se enquadrar na falaciosa dicotomia direita/esquerda (mostrou que sua posição é pela sustentabilidade);
4- mas o mais importante, conseguiu manter a visibilidade, a discussão e a possibilidade de aprimoramento de um programa de governo cujas bases estão nos anseios de todos nós que somos os nós da rede sustentabilidade.
Ela conseguiu manter-se no jogo político com uma jogada de total fair play, preocupando a situação, da qual ela própria saiu ao entender que seu objetivo único, desde que galgou o poder, passou a ser a manutenção do status quo; conseguiu desassossegar a oposição que sonhava manter a nefasta polaridade PT/PSDB na alternância do jogo sujo do “poder pelo poder” e dava como certa sua incapacidade de manter sua visibilidade e capital político, intencionando cooptar esse capital pelos meios que fossem necessários; e conseguiu criar uma tsunami no jogo político que já era dado como uma “marolinha” pelos especialistas políticos de parte a parte.
E não foi sem custo que a instabilidade criada por ela, mesmo sendo a jogada política mais bem feita da última década, que superou em muito o abraço “fraterno” de Lula em Maluf, no jardim da própria mansão do execrado corrupto (segundo a ótica PT-Lulista antes de ser situação) por não afrontar valores pessoais ou coletivos como o fez o referido abraço.
Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Essa minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana (Michail Bakunin (1841-1876) – revolucionário anarquista russo)
Tão grande foi a instabilidade criada que ameaça a perda de muitos bons quadros da militância da #rede, que se recusa ou não alcança entender ou enxergar a profundidade e a importância de manter a visibilidade sobre o programa que queremos, enquanto continuamos a formação do partido que ainda não conseguimos, por incapacidade do mais alto tribunal eleitoral em reconhecer e redimir o erro de órgãos seus (invalidação de 95 mil assinaturas de apoio sem a constitucionalmente obrigatória motivação dos atos da administração pública, notadamente as que cerceiam direitos).
Mesmo pessoas com razoável entendimento político teimam não enxergar que somos rede, ainda que incubados (filiados) em partidos solidários, como o foram tantas ideologias partidárias (partidos clandestinos) durante o período mais grotesco da nossa história (a ditadura militar) em que se cassou a democracia.
A única diferença é que somos o primeiro, queira Deus sejamos o único, partido arremessado na clandestinidade em pleno regime democrático de direito. E é a mesma falta de democracia que gera tal distorção: antes causada por uma ditadura militar; agora causada pelo aparelhamento dos poderes de estado, seja pela falácia da coalizão no fatiamento do estado em prol de pretendida governabilidade (a cooptar o legislativo), seja por indicações dos advogados do rei para as mais altas cortes (a cooptar o judiciário).
Em política, perseguir um homem não é apenas engrandecê-lo, mas também justificar-lhe o passado. (Honoré de Balzac)
Amílcar Faria é servidor público federal, diretor de Programas de Controle Social do Instituto de Fiscalização e Controle (IFC) e membro do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE)
Outros textos sobre as eleições de 2014

domingo, 13 de outubro de 2013

A #Rede

A Rede Sustentabilidade é fruto de um movimento aberto, autônomo e suprapartidário que reúne brasileiros decididos a reinventar o futuro do país.
É uma associação de cidadãos e cidadãs dispostos a contribuir de forma voluntária e colaborativa para aprofundar a democracia no Brasil e superar o monopólio partidário da representação política institucional.
A efetiva participação de brasileiros e brasileiras nos processos decisórios é condição fundamental para a promoção do desenvolvimento justo e sustentável.
Aberta ao diálogo e construída com a participação direta de seus integrantes, a Rede Sustentabilidade é um espaço de mobilização e inovação, no qual floresce uma nova cultura política.
Uma legenda capaz de abrigar candidaturas de cidadãos que não façam parte de seus quadros, mas que compartilhem de seus ideais, comprometida com a transparência de seus processos internos e empenhada na renovação de suas lideranças.

SAIBA MAIS:

http://redesustentabilidade.org.br/

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

"Aqueles que não compreenderam estão insatisfeitos", diz Marina sobre aliança (Vídeo)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Se for para ganhar e ficar refém…, não precisa’
 
Josias de Souza

Marina Silva não admite a celebração de alianças partidárias a qualquer preço. “Não pode ser o tempo de televisão que vai nos aprisionar a uma lógica política que não nos dá a chance de mudar”, disse ela em entrevista ao blog. “Se for para ganhar para continuar refém da velha República, para governar tendo que distribuir pedaços do Estado, preso em uma lógica que não coloca em primeiro lugar os interesses estratégicos do país, então, não precisa ganhar. Isso já tem quem está fazendo.”
O vídeo acima contém um trecho da conversa que Marina teve com o repórter no final da manhã desta terça-feira (8). A totalidade da entrevista será veiculada logo mais, aqui mesmo no UOL. Nesse extrato, o repórter recordou a Marina que o PSB já abriu negociações com legendas como o PDT de Carlos Lupi e o PTB de Roberto Jefferson. A nova parceira de Eduardo Campos levou o pé atrás.
“Uma coisa era o Eduardo com todas as dificuldades, em uma lógica que eu desconheço, porque não estava convivendo com ela, viabilizando sua candidatura. Outra coisa foi o movimento que ele fez na direção de buscar aprofundar em primeiro lugar o compromisso programático. Isso com certeza é o grande desafio que está colocado para o PSB.”
Para Marina, o acordo firmado com a Rede no último sábado (5) inaugurou no PSB uma nova fase. Ela diz depreender das manifestações de Eduardo Campos que “todo o processo anterior agora não terá mais a mesma continuidade, que agora tem um outro fato político, uma inflexão que terá que ser metabolizada dentro do PSB.”
Marina recorda 2010: “Eu, com 1 minuto e 20 segundos de televisão, tive 19% dos votos.” E acentua: “Não pode ser o minuto de televisão, 30 segundos de televisão, que faz com que a gente jogue o futuro da nação nas mãos daqueles que não entendem a lógica de que o governar juntos não pode ser feito em base no toma-lá-dá-cá.”
Como que decidida a deixar bem claro que prefere perder a subverter os seus valores, Marina repete uma frase que pronunciou à exaustão na sucessão passada: “Eu dizia na campanha de 2010 que eu preferia perder ganhando do que ganhar perdendo. E eu continuo com o mesmo ponto de vista. É preferível perder ganhando do que ganhar perdendo.”